Documentário mostra a presença do gênero no Rio de Janeiro.
Filme foi exibido em festival de cinema brasileiro em Nova York.
Famoso berço do samba carioca, o bairro da Lapa também é ponto de encontro de rappers, que lá fazem suas festas, seus shows, suas batalhas - e produzem cultura musical pensante. Tudo isso está registrado no documentário “L.A.P.A.”, exibido nesta quarta-feira (13) no Cine Fest Petrobras Brasil-NY. Realizado nos Estados Unidos, o festival vem mostrando uma programação exclusivamente de filmes brasileiros, e neste ano aponta seu foco para a música, dando destaque para os 50 anos da bossa nova.
Dirigido pela dupla Cavi Borges e Emilio Domingos, “L.A.P.A.” não se prende apenas ao bairro do Rio de Janeiro, mas faz questão de escancarar para o espectador as entranhas do hip hop carioca, reunindo personagens que têm muito a dizer – e propriedade suficiente para discorrer sobre o tema – além de assuntos importantes, como a profissionalização, a família, o dinheiro e o “proceder” - a atitude.
Black Alien arrancou aplausos de uma platéia embalada pelo documentário do começo ao fim ao falar sobre quão prejudicial pode ser a influência do rap norte-americano nos artistas brasileiros. “Não ganhamos em dólar. Os clipes da MTV mostram os caras com Mercedes e cordão de ouro… Essa não é a nossa realidade.”
E vem seguido de outro depoimento brilhante, de MC Funkero, famoso no cenário carioca por sua mistura de rap e funk, que explica: “Quando você não tem o que comer, é revolucionário, quer tomar o do outro. Quando você tem um bifão, vira reacionário”. O filme mostra as dificuldades que os rimadores enfrentam e o sonho de um dia poder ajudar mais a família.
Retrata também as referências musicais e de literatura. É o próprio Funkero quem conta, em frente às câmeras, que adora Monteiro Lobato, e que jamais escreveria suas letras se nao tivesse lido “Reinações de Narizinho”, porque o livro instigou sua imaginação.
“L.A.P.A” consegue juntar personagens mais famosos e outros que, apesar da atuação no mundo do hip hop, ainda não vivem exclusivamente da música, para fazer um verdadeiro raio-x do mundo do rap. O filme reúne imagens de festas que aconteciam na Lapa nos anos 90, como a Zoeira, relembra pontos de encontro dos rapper, como a Fundição Progresso e o Circo Voador, e mostra imagens essenciais dos combates entre MCs na “Batalha do Real”.
É como diz MC Macarrão a certa altura do documentário: “É didático o caô [coisa nenhuma]. Além de tudo, você pode levar 'nego' a raciocinar sobre a questão”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário