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domingo, 19 de outubro de 2008

'Loki' passa a limpo a história de Arnaldo Baptista, criador dos Mutantes


Documentário está em cartaz na 32ª Mostra de Cinema de SP.Filme de Paulo Henrique Fontenelle reúne registros históricos.
Um risco feito a lápis numa enorme folha em branco dá início a uma viagem psicodélica pela vida e obra de um dos artistas mais criativos que a música brasileira já teve. Gênio precoce, Arnaldo Baptista criou a banda Os Mutantes antes mesmo de alcançar a maioridade. Viveu o auge do LSD, foi mal-interpretado, passou por crises, internado em hospitais psiquiátricos. Da última vez que passou por um deles, caiu da janela do quarto andar. Depois do incidente, isolou-se em um sítio em Minas Gerais, onde vive até hoje na companhia da terceira mulher.
Entre tintas e pincéis, imagens e histórias se costuram no filme "Loki", primeira produção do Canal Brasil, que estreou sexta (17) na programação da 32ª Mostra de Cinema de São Paulo e será exibido em mais duas sessões neste domingo (19).
Dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, o documentário reúne imagens históricas, depoimentos de músicos, produtores, familiares e amigos, enquanto o próprio retratado pinta um quadro – atividade que vem exercendo desde que se mudou de São Paulo nos anos 80.
Da época em que formou o grupo The Thunders com os amigos de colégio – que deu origem aos Mutantes ao se cruzar com as Teenage Singers, do qual Rita Lee fazia parte – até o retorno da banda 33 anos depois, em um show em homenagem à tropicália no Barbican, em Londres, com Zélia Duncan nos vocais, o filme passa a limpo a trajetória de Arnaldo Baptista e mostra sua importância definitiva às novas gerações.
Os arranjos e composições criados pelo músico quebraram todos os paradigmas da produção nacional dos anos 60, alçando os Mutantes ao posto de revolucionários. "Ao mesmo tempo, eles tinham uma coisa de criança", conta Roberto Menescal. "Era uma molecada, você tinha de ficar de olho." Tom Zé, Lobão e Rogério Duprat também estão entre os entrevistados. "A cabeça dos Mutantes era Arnaldo Baptista", sentencia o maestro tropicalista.
O próprio Sérgio Dias, irmão do músico, recapitula: "A gente entrou num labirinto sem uma cordinha para amarrar atrás."
Com raras imagens de arquivo, o filme emociona ao mostrar Arnaldo, Sérgio e Rita em momentos como o Festival da Record em 1967, quando tocaram com Gilberto Gil. Mas, muito mais do que uma reverência aos Mutantes, o documentário registra o depoimento apaixonado de Baptista ao falar de diversos assuntos – como a sensação que teve quando ouviu Elvis Presley pela primeira vez, do alto de uma roda gigante – sem perder o ritmo, fazer julgamentos morais ou tomar posição diante de questões que parecem não ter resposta, como o real motivo da saída de Rita Lee, que não quis falar sobre o assunto para o filme

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